SER DO MPLA É MENTIR SEMPRE

O general João Lourenço, Presidente da República, ladeado pelo Presidente do MPLA e pelo Titular do Poder Executivo, disse, em Luanda, haver falta de patriotismo nos políticos angolanos que procuram influenciar negativamente as instituições financeiras internacionais, credores e investidores interessados por Angola. Ou seja, dizer a verdade é – para o Governo – crime. Solidários com o Presidente, nós aqui no Folha 8 só vamos dizer, por exemplo, que Angola tem 20 milhões de pobres… sempre que entendermos que o devemos dizer.

Segundo o general Presidente, que falava na reunião com o Conselho Económico e Social, o compromisso com o povo angolano (onde não inclui os tais 20 milhões de pobres) é sério e inquebrantável e, por isso, se vai continuar a trabalhar para colocar a Angola do MPLA num outro patamar cada vez mais alto.

“Mas, infelizmente enquanto trabalhamos para o desenvolvimento económico e social do país, alguns políticos da nossa praça que nunca quiseram o bem de Angola e dos angolanos, vêm realizando trabalho contrário junto das instituições financeiras internacionais, dos credores e investidores a desencorajar o investimento em Angola”, afirmou o general João Lourenço, certamente inspirado no seu herói nacional (Agostinho Neto) que, para defender Angola e os angolanos, determinou que “não iria perder tempo com julgamentos” e mandou assassinar cerca de 80 mil… angolanos nos massacres de 27 de Maio de 1977.

Para o Chefe de Estado, esta acção (dizer a verdade) espelha bem a falta de patriotismo, de sabotagem contra os interesses de seu próprio reino, está condenada ao fracasso, porque felizmente os financiadores, credores e investidores guiam-se por critérios objectivos de análise dos mercados e conhecem a seriedade no que diz respeito a honrar os compromissos para com os credores. Os investidores riem-se e, de facto, acham que assim está bem. É mais fácil negociar com ditadores do que com democratas. Por alguma razão o MPLA é o partido que, a nível mundial, mais corruptos tem por metro quadrado.

O general João Lourenço (não nominalmente eleito) lembrou que para além de importantes recursos minerais, terras aráveis, rios de águas permanentes, regime de chuvas regular, bom clima, florestas, savana e deserto ricos em biodiversidade, Angola tem um povo hospitaleiro, cultura rica e boa culinária. E, lembramos nós, 20 milhões de pobres.

Na sua intervenção, o general disse ainda contar com o saber, experiência e contribuições (obviamente figurativa) dos membros do Conselho Económico e Social para se ter uma economia mais robusta e resiliente, que resista melhor aos choques externos.

Por outro lado, o general João Lourenço falou da definição de políticas fiscais, onde os governos, ao estabelecerem o valor dos impostos, procuram sempre encontrar um ponto de equilíbrio que não asfixie as famílias e as empresas, mas também contribua para arrecadar recursos financeiros suficientes para os cofres do Estado que tem grandes responsabilidades e avultadas despesas a realizar.

João Lourenço enfatizou que o governo vive (para além do que rouba ao Povo) dos impostos cobrados às empresas e aos cidadãos para poderem realizar os projectos do Orçamento Geral do Estado, para construir todo o tipo de infra-estruturas públicas como as estradas, pontes, portos e aeroportos, centrais de produção de energia e água, estabelecimentos de ensino, hospitalares, pagar salários e pensões de reforma, garantir o normal funcionamento da função pública e dos órgãos de soberania, entre outras acções.

“Tudo isso vem dos impostos. Mesmo assim, o Executivo decidiu baixar o IVA sobre os bens alimentares essenciais de maior consumo, assunto que será oportunamente retomado pela Assembleia Nacional, uma vez que se trata de alteração de uma lei”, argumentou.

Sobre a oscilação cambial, João Lourenço explicou que, como em qualquer economia de mercado (que, claramente, não são sabe o que é), a taxa de câmbio do kwanza com relação ao dólar é variável em função da relação oferta/procura e de outras variáveis da economia.

Por esta razão, salientou o general dono do reino esclavagista a que chamamos Angola, que haverá sempre momentos em que as moedas nacionais estarão mais fortes ou seja valorizadas, mas haverá outros momentos em que estarão mais fracas e portanto desvalorizadas.

Aventou que através de medidas que não devem ser administrativas, os governos procuram manter suas moedas fortes, sobretudo “no nosso caso de um país que dispende (senhor general, escreve-se “despender”) anualmente somas avultadas de divisas na importação de bens que deve passar a produzi-los localmente. Estamos a atacar o assunto com a devida seriedade”, afirmou.

MINTAM, MINTAM SEMPRE

Enquanto ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, provavelmente no âmbito do cumprimento das ordens superiores do general João Lourenço, pediu (quem exige é o patrão dele) aos angolanos de primeira residentes em Portugal para não mostrarem “o lado mau” do país sob pena de afugentarem os investidores estrangeiros.

Para o ministro, não se deve mostrar ao mundo que Angola vive problemas de desemprego, que tem 20 milhões de pobres, que vê morrer muita gente (sobretudo crianças) com fome e com malária.

“Nós não podemos mostrar o lado mau ou mostrar ao mundo que o nosso País tem problemas ou que há desemprego. Temos é que mostrar apenas o lado bom porque precisamos de investidores. Precisamos é de divulgar o país com aquilo que é bom. O que é mau guardamos para nós”, disse Marcy Lopes, durante o encontro (Outubro de 2021) com os angolanas (do MPLA) residentes em Lisboa, onde esclareceu questões ligadas ao registo eleitoral no exterior.

Segundo o ministro, os angolanos “devem todos adoptar uma postura de divulgar o país para que os empresários estrangeiros invistam”. Mintam, aconselha o ministro Marcy Lopes. Ou seja, façam como o MPLA.

“Se falarmos do desemprego, logo afugentamos os investidores do País. Necessitamos é de investimentos, porque quem dá emprego são os investidores privados e nunca o Estado”, afirmou o ministro. E acrescentou: “Temos de vender uma boa imagem e não podemos mostrar o lado mau das coisas em Angola”.

Marcy Lopes salientou durante o encontro em Lisboa que os angolanos insatisfeitos devem é reclamar junto das instituições por escrito e nunca verbalmente. Ou seja, os cidadãos não devem fazê-lo em voz alta, mas sim expor as suas indignações num livro de reclamações.

“Críticas mal feitas não resolvem os problemas, críticas feitas fora do tom em nada resolvem, devemos é fazer as críticas em tom certo”, afirmou o ministro.

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